ADÉLIA PRADO

A escritora mineira Adélia Prado afirmou, nesta quarta-feira (28), quando recebeu o prêmio do Governo de Minas Gerais de literatura pelo conjunto de sua obra, que o Brasil "vive um momento cinzento", convocando o povo a fazer poesia, cantar e rezar para enfrentar os tempos difíceis.

Para quem já disse que Deus mora nela como sua melhor casa, Adélia Prado não chega a surpreender quando faz da fé e da espiritualidade temas recorrentes em sua poesia. Mineira de Divinópolis continua fiel ao lugar onde nasceu e ao estilo que adotou como seu. Por isso mesmo, boa parte do Brasil literário festeja Adélia como o que há de melhor na poesia brasileira do último meio século. Desde Bagagem, seu primeiro livro, lançado em 1976 com o beneplácito de Carlos Drummond de Andrade, Adélia Prado, encanta várias fatias de público com seus poemas, nos quais a vida, a criação e o Criador parecem visceralmente ligados, mesmo para quem não crê.

Com duas dezenas de livros publicados, entre poesia, prosa e antologias, Adélia, que foi professora por muitos anos e é formada em Filosofia, já inscreveu seu nome entre os grandes da literatura nacional. Apenas isso já seria predicado suficiente para chamar a atenção para esta senhora sensível e espiritualizada, uma mãe e avó de cabelos brancos e fala mansa que, admiradora confessa de Jesus (Inesgotável mistério e maravilha. Sua encarnação, morte e ressurreição são o sustento, a alegria, razão e o sentido de tudo), o que ela diz dá o que pensar. Diferenças doutrinárias à parte, por ser católica, Adélia diz que o caminho é a Palavra de Deus em Cristo. Em Miserere, seu último livro, ela expõe, em 38 poemas, alguns de seus diálogos com Deus. E clama, a plenos pulmões: Tende piedade de nós, significado da expressão latina que dá nome à obra. Minha esperança vem da graça de ser cristã.

Perder a esperança é perder tudo, é desistir. Em momentos como o atual no Brasil é bom saber que existem brasileiros que ainda sonham, graças a fé cristã, que as coisas podem ser diferentes.


Pr Ronald Souza