O GRITO DE TAMMAR E SUSLLEN

Amnom era o filho primogênito de Davi. Tamar e Absalão também eram filhos de Davi, mas com outra mulher de Davi. Tamar era muito formosa e Amnom se enamorou dela. Era uma paixão doentia que lhe tirou o apetite, ficando sem comer, pois não via possibilidade de ter relações íntimas com ela, sendo ela uma jovem casta.

Seu primo Jonadabe notou a tristeza de Amnom e, ao saber a razão, logo desenvolveu um plano para conseguir que Amnom ficasse a sós com Tamar em seu quarto. Os detalhes do plano de Amnom a fim de conseguir ficar com Tamar e estuprá-la em sua casa são relatados com toda a sua sordidez no cap 13 de 2ª Samuel.

Tamar fez uma coisa que me surpreende, ela denuncia sua dor! Ela não se cala, como muitos fazem. Ela põe cinzas na cabeça, rasga sua túnica de donzela e sai pelas ruas clamando socorro, ajuda e justiça!

Quero fazer um paralelo entre a história de Tamar e a da figurinista Susllen Tonani na última semana. As duas mulheres agredidas tomaram uma posição. Deram um basta. Colocaram para fora o que as consumia.

Além disso, essa história revela dois pontos que merecem nossa atenção. O primeiro é que agora as mulheres se fazem ouvir mais e mais. Seja ao denunciar situações de assédio físico ou verbal, seja ao dar eco umas às outras como fizeram ao usar nesta terça a hashtag #MexeuComUmaMexeuComTodas e #ChegadeAssédio.

O segundo ponto é a carta de José Mayer, em que o ator admite que errou e pede desculpas. Ele escreve: “Tristemente, sou sim fruto de uma geração que aprendeu, erradamente, que atitudes machistas, invasivas e abusivas podem ser disfarçadas de brincadeiras ou piadas. Não podem. Não são. Aprendi nos últimos dias o que levei 60 anos sem aprender. O mundo mudou. E isso é bom. Eu preciso e quero mudar junto com ele”.

Sim, José Mayer, o mundo mudou. Nesse novo mundo construído não só com hashtags de impacto, mas com as atitudes e reflexões que elas impulsionam, não há mais espaço para esse comportamento.

Espero que realmente isso sirva para ajudar mulheres e principalmente crianças a não se calar e a gritar quando atitudes como essas surgirem.


Pr. Ronald Souza