O livramento de Deus
Boletim - Ano 7 - Nº 316 - 09/12/2018
Boletim - Ano 7 - Nº 316 - 09/12/2018
Este é um dos versos mais queridos da Bíblia, especialmente em tempos de tanta insegurança e violência. Para nós, mortais que trabalham para ter sustento digno, e que por isso não temos como pagar para ter um “Kevin Costner” (Bodyguard), pensar a existência de um guarda-costas alado é por demais acalentador. Saber que Jesus falou de anjos que olham as crianças (Mt.18:10) faz um bem… especialmente para os que são pais de pequeninos (conquanto digam que filhos sempre serão pequenos aos olhos dos pais). Contudo perceba: conquanto o ensejo a esta imaginação, a esta possibilidade, faça bem a nós, não é meu objetivo discutir a existência ou não dos “anjos da guarda”. A questão central para mim está na segunda parte (final) do verso: “e os livra”.
Livra de quê? De quem? Livra de tudo? Ora, parece que nossa experiência de vida aponta para um sentido contrário dessa noção de livramento de tudo. No dizer do apóstolo Paulo, somos atribulados, ficamos perplexos, fatigados e por vezes desesperançados com as situações que a vida nos apresenta (II Cor.4; Atos 27). Em outras palavras: Deus não nos livra de tudo. Muito menos ainda os seus anjos…
De que livramento então Davi está falando? Quero sugerir algumas possibilidades para nossa reflexão.
A primeira está ligada ao contexto da escrita desse verso. Davi estava procurando se esconder entre os filisteus (I Sm.21 e 27). Só que num primeiro momento sua vida corre risco por conta dos servos de Áquis, rei de Gate. Ele então para se salvar, simula um acesso de loucura. A noção principal aqui é que Deus nos livra de cairmos nas mãos dos nossos inimigos, uma vez que Davi foi até os filisteus por livre-vontade e também pela providencial dissimulação que empreendeu naquele momento.
Uma outra possibilidade é o livramento das aflições (v.19). Situações de vida que nos oprimem, comprimem… para Davi tudo começava a ser resolvido pelo renovo da consciência de que nossa vida está escondida em Deus (Col.3:1-5). Ora, se Deus tem a última palavra sobre a minha vida, por que tanta PRÉ-ocupação? As situações adversas passam a ser vistas como instrumentos de Deus para a moldagem daquilo que Ele quer que nos tornemos. Não é gostar da adversidade, mas vê-la sob outro prisma. Vê-la por dentro.
Por fim, para lembrar o querido e inesquecível Pr. Jerry Stanley Key, está a certeza de que Deus nos livra do esquecimento. O drama davídico (Sl.34:22), que está em outros salmos também, é o da morte como o grande apagador da existência. Deixaremos um legado ou seremos esquecidos? Nossa vida será uma passagem sem maior significação? É verdade que a abrangência de um legado está associada a uma vida de diaconia, de serviço. Quem vive para si pouca lembrança deixará; quem vive par servir… ah! quantos e quantas lembrarão de alguém assim! Sim, Deus projetou a memória para que nossas vidas não fossem esquecidas pelos vivos e o céu, a noção de eternidade com Ele para que nossas vidas não fossem confinadas a um túmulo. A vida vai mesmo começar em toda sua exuberância quando partirmos para a eternidade. Não é uma caixa que vai guardar o que sobrou de nossa existência; mas uma eternidade com Ele é que nos espera em celebração pela vida em seu sentido maior! Glória a Deus! (e não Deuxxxxx como no caso do cabo Daciolo).
Deus não nos livra de tudo. Mas está presente em todas as nossas experiências. Se há uma grande verdade na poesia do verso que abordamos aqui é que Deus não desacopla. Ele acampa porque a noção de acampamento traz mobilidade. Por onde formos, por onde peregrinarmos, Ele irá conosco. Fazendo o certo ou o errado, Ele sempre estará conosco. Ele nos livrará das aflições, do esquecimento, do poder da morte, e das mãos daqueles que nos perseguem! Aleluia!
[Devocional escrita em homenagem à irmã Catarine Viveiros]
Pr Sergio Dusilek
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