Em Marcos 10.13-16 temos a narrativa de como os discípulos de Jesus tentaram afastar dele as crianças que lhe eram trazidas pelos pais e de como Jesus reagiu a isto, até com indignação, repreendendo os discípulos, tomando as crianças nos braços, impondo-lhes as mãos e abençoando-as.

A interpretação mais comum para este incidente é que os discípulos entendiam que Jesus estava muito ocupado naquele momento (ele estava sempre muito ocupado) e não tinha tempo a perder com crianças. Mas Jesus achou tempo para gastar com as crianças, porque estas eram para ele até mais importantes que os adultos, pois, ensina, “é aos que são como crianças que pertence o reino de Deus”.

Naquela cultura as crianças tinham muito pouco valor. Por exemplo, no episódio da multiplicação dos pães e peixes, em Marcos 6.30-44, elas nem foram contadas (e as mulheres também não). Um ditado corrente na época dizia que “as crianças eram para ser vistas, não ouvidas”, isto é, não deviam de ter o direito de expressão. Para os judeus, as crianças não eram pessoas completas, na verdade não tinham nenhum direito.

Numa de suas cartas, Paulo usa um dado dessa cultura como ilustração para seu ensino: “Durante o tempo em que o herdeiro é menor de idade, ele em nada é diferente de um escravo, mesmo sendo o dono de tudo.” (Gálatas 4.1). Quer dizer, um e outro não tinham nenhum direito. Eram dependentes, não tinham poder de decisão, de escolha, ou mesmo de opinião.

Entretanto, não é isso que Jesus pensa. A sua ordem (notem bem, é uma ordem) é: “Deixai as crianças virem a mim e não as impeçais”. No modo típico de um judeu se expressar, que é o paralelismo, temos aqui bastante clareza. Deixar as crianças irem a Jesus é o mesmo que não impedi-las. Foi dito assim para que não haja dúvida sobre como Jesus quer que tratemos as crianças.

Há muitas maneiras de impedir as crianças de irem a Jesus, mas a principal delas é deixar de ensinar-lhes como ir a Jesus. Somente se conduzidas a Jesus é que este poderá tomá-las nos braços e cuidar delas como suas pequenas ovelhas (Isaías 40.11). Portanto, valorizar as crianças é ensinar-lhes os caminhos do Senhor.

Deus te abençoe,
Pr. Sylvio Macri

Para entrar em contato com os pastores, clique aqui.